Jack ficou muito rígido, parecia um predador
prestes a pular em sua presa...
- O que faz aqui?! –perguntou ríspido.
- Depois de tantos anos longe, é assim que
você trata seu irmão mais velho?! –o garoto perguntou sarcástico.
O irmão do Jack?! Meu Deus! Tá isso é muito
estranho. Até pelo jeito que eles estão conversando.
Ele tem os cabelos pintados de branco, é um
pouco mais alto que o Jack, com uma tatuagem diferente no pescoço e... Um olhar
de dar medo.
- Naythan! O que você quer?! –o Jack continua
ríspido *0*
- Conhecer sua amiguinha. –disse em tom de
brincadeira olhando para mim.
Jack me puxou para trás dele -estou começando
a ficar assustada.
- Vá embora. Você não cansa disso? –Jack está
muito estranho!
- Kkkkk, mas é claro que não! Fui muito
bonzinho de uns anos para cá. –do que ele está falando?
- Naythan para! –Jack disse e apontou para
mim com a cabeça.
- Ah! Claro, perdoe-me. Sou Naythan Whinter,
irmão mais velho do Jack. –disse sorrindo.
Sai um pouco de trás do Jack.
- Sou Vyollett Foy. Prazer. –disse
desconfiada.
- Encantado!
Dei um meio sorriso para tentar ser simpática.
- Temos que conversar mais tarde, pois vou
entrar para a aula. Na minha casa ás 19:00h. –disse pra seu irmão. - Vamos? –para
mim.
Assenti com a cabeça e o segui. Olhei para
trás para ver se o Naythan ainda estava lá, mas levei um susto... Não havia
ninguém!
- Jack! Espera! O que foi aquilo? –perguntei
perplexa.
- Nunca me entendi com ele. –disse rápido.
Já estava quase correndo para alcançá-lo, estávamos
dentro do colégio. Quando consegui pegar sua mão. Ele parou de andar no mesmo
instante.
- Me conta o que houve! Você pode confiar...
–mas é claro que poderia confiar.
- É muito complicado. –quase chorei por vê-lo
falando tão cabisbaixo.
Soltei sua mão e o abracei por trás. O abraço
que meu irmão sempre me deu quando estava triste. Ele segurou minhas mãos em
seu peito, ficamos assim por alguns minutos, mas pareciam horas.
- Eh... Esta disposta a faltar o resto das
aulas?
- Por você... Sim. –disse lentamente e quase
sussurrando.
Ele segurou minha mão mais forte e se soltou
de meu abraço, virou e ficou de frente para mim.
- Então, vem comigo. –disse me puxando para
fora.
Estava andando muito rápido, e percebi que
íamos em direção ao bosque do colégio. O que iríamos fazer lá?!
Um galho de folhas miúdas bateu em meu rosto,
desequilibrando-me e fazendo-me cair. Jack parou imediatamente e virou-se para
mim.
- Droga! Sujei minha roupa! –como vou voltar
para a pensão agora?
- Rsrsrs... Machucou-se? –disse segurando o
riso `:|
- Aff! Não. –disse brava.
Ele pegou minhas mãos e me ajudou a levantar.
Peguei a manga de meu casaco e tentei limpar minha calça, mas sem sucesso, pois
era lama. Quando olhei para meu coturno quase tive um infarto, estava todo sujo
de lama.
Jack colocou o braço por cima dos meus ombros
e eu agarrei sua cintura, em um meio abraço.
Fomos assim até chegarmos onde ele queria. O
lugar tinha menos árvores e era mais iluminado, tirei seu braço de meu ombro e
fui andando até o meio do que parecia ser uma campina. Percebi que um pouco
mais a frente havia uma pequena elevação da terra e uma escada.
- Gostei daqui! –disse empolgada e virei-me
para ele.
Então ele veio ao meu encontro, ficando a
centímetros de mim. Sai de perto indo em direção à escada, ele me seguiu.
Pegou minha mão direita e começou a
acariciá-la.
Uma lágrima minha caiu... Voltei-me para ele.
- Por que eu? –perguntei mais para mim mesma.
- Porque você é a mulher da minha vida...
–nossa que clichê! Rs.
Fiquei espantada.
- Mas você só me conhece há alguns dias! Como
pode dizer isso?
- Não posso te contar agora. –disse Jack.
- Por que não?
- É muito complicado.
- Isso de novo? O que é tão complicado para
mim?
Jack se aproximou mais, soltou minha mão e
puxou meu rosto me beijando. Meus lábios moldaram-se aos dele.
Meus batimentos cardíacos aceleraram, pois o
ritmo de nosso beijo aumentou. Jack envolveu minha cintura e me puxou para mais
perto, senti nossos corpos se encaixando perfeitamente, nossa respiração ficar
na sintonia ideal.
Jack pressionou minhas costas contra o
corrimão da pequena escada, prendendo-me em si até eu não poder mais me mexer.
Então ele começou a realmente beijar-me, com
delicadeza a principio. Depois longa, doce e ternamente, descendo pelo queixo e
para o pescoço, fazendo-me gemer. Jack entrelaçou meu cabelo nos dedos...
Aquilo estava ótimo, mas trouxe-me lembranças que estava tentando enterrar...
Mas esse é o Jack! Não é o Jheremy! Uma lágrima quente escorreu pela minha
bochecha -acho que estou de TPM, só pode, pois nunca chorei assim!
Finalmente, Jack voltou para meus lábios,
beijando-me com intensidade -sugando meu lábio inferior para depois pressionar
a língua macia pelos meus dentes. Eu sabia que poderia arrepender-me depois,
mas no momento estava onde queria estar.
O vento gelado arrepiava minha pele, e uma
sensação mágica jorrava em meu coração.
Ele se afastou e me encarou, depois olhou ao
seu redor. Aspirou o ar bem forte e com um olhar sombrio, seu sorriso
desapareceu.
- Temos que ir! –ele agarrou minha mão com
delicadeza e me puxou, de novo tive correr para ficar ao seu lado.
- O que houve? –perguntei exasperada.
- Ele estava aqui... Como não percebi?!
–disse mais para si mesmo.
- Naythan? Mas por que ele estaria aqui?...
–de certa forma eu entendi o que ele estava falando.
- Acabou de começar a última aula, vou
deixá-la em meu carro e pegar nosso material... Mas por favor, não saia de lá
para nada. Ok?
- Ok...
Chegamos ao estacionamento do colégio, ele
destravou o carro e abriu a porta do passageiro para mim, mas antes de ir me
beijou novamente lentamente.
Entrei no carro, fechei a porta e o vi se
distanciar em direção a entrada do colégio.
Sozinha, imagens do bosque pairavam em minha
mente. Toquei meus lábios lentamente, eles pareciam um pouco inchados *//////*.
Lembrei-me de seu cheiro, um cheiro...
Delicioso. Sua boca tinha um gosto doce, difícil de descrever. Um sorriso
malicioso se formou em meu roto... Ele é alto, forte e...
Estava me observando... Aaaaaaah como ele
entrou sem eu perceber?
Fiquei muito corada.
- Esta tudo bem? –cretino! Estava segurando o
riso!
- Você por acaso é um fantasma? –perguntei em
tom de brincadeira.
- Quase!
- Rsrsrs sei...
- O que estava pensando? –perguntou curioso.
Corei de novo... O que digo? A verdade? Não,
não vou conseguir!!!
- O quanto estou ferrada... –por estar
faltando tanta aula!
Ele deu um sorriso malicioso.
- Por quê? Esta se apaixonado por mim? –disse
sorrindo.
Mostrei língua para ele kkk ;P.
- Assim vou cair em tentação de novo...
–falou sussurrando em meu ouvido e acariciou meu pescoço.
- Jack...
- Shiii... –ele me interrompeu.
Beijou-me delicadamente, sua mão subia e
descia em minha espinha, fazendo-me arrepiar e tremer de prazer. Começou a
beijar meu pescoço explorando cada parte dele. Acariciei seu cabelo. Ele voltou
para minha boca mordendo de leve meu lábio inferior.
Jack parou e se afastou com um sorriso
enorme...
- Não começa! –disse sobressaltada.
- Kk’s tudo bem, quer ir para onde?
–perguntou rindo.
- Para algum lugar onde você não fique me agarrando!
- Kkkk ok! Te levo de volta para a pensão.
Saímos do estacionamento e entramos na rua.
- Mas se eu chegar mais cedo que as outras
garotas vão me perguntar o que aconteceu.
- Então vamos para minha casa, prometo não te
“agarrar”. –disse sem me olhar. – E eu posso cozinhar para você!
Fomos conversando sobre minha vida em Miami,
ele fazendo perguntas e eu respondendo-as. Logo chegamos a sua casa. Jack
estacionou no fundo da casa, não na garagem.
Quando entramos percebi que ela era bem
iluminada pela luz do dia, com enormes janelas, abertas –será que a Rosalina
está em casa?
- Não se preocupe minha tia não está em casa.
–disse como se tivesse lido meus pensamentos.
- Por que as janelas estão abertas?
–perguntei curiosa.
- A casa seria estranha se não entrasse luz,
já que passo muito tempo fora.
- Concordo! –comecei a rir.
- O que foi?
- Às vezes você me assusta falando assim!
Pois isso não é comum para um garoto da sua idade. –disse sorrindo.
Ele atravessou a sala em praticamente um
passo agarrando-me pela cintura...
- Não sou um garoto comum. –disse sussurrando
em meu ouvido, fazendo-me arrepiar com seu hálito gélido.
- Você disse que não iria me agarrar. –falei
soltando-me dele.
- Perdoe-me, não resisti. –disse
irresistivelmente doce.
- Seu sadomasoquista, que gosta de me torturar!
- Que melodramática você. –disse de longe.
Então segui sua voz até encontrá-lo na cozinha...
Grande e moderna, com uma só parede ao fundo pintada de preto, o chão de
azulejos pretos e brancos, os armários de inox.
Sentei em um banco alto, de frente para um
balcão com algumas taças e um pequeno vaso de flor.
Fiquei observando-o no fogão.
- Por que insiste em me fazer comer?
- Não quero te ver doente. –como sempre
preocupado. - O quer comer?
- Hum... –em um instante olhei para fora,
pela parede de vidro, vi olhos vermelhos. Não consegui desviar meu olhar deles,
pois eram tão hipnotizantes.
- Vyollett! –Jack falou apreensivo,
fazendo-me voltar de meu transe.
- O que aconteceu? –perguntei, e percebi que
estava encostada na parede de vidro, Jack segurava meus ombros. – Por que
estamos aqui?
Ele me abraçou de forma protetora encostado
minha cabeça em seu peito.
- Você veio sozinha.
- Mas... Como se não me lembro?... –e de quem
será aqueles olhos vermelhos? – E-eu vi olhos vermelhos na floresta...
- Vou cuidar disso. –disse sombrio.
Afastei-me para ver seu rosto.
- Por agora, não vamos nos preocupar com
isso. –disse com um leve sorriso nos lábios.
- Sim. E o que quer comer?
- Confio em seu gosto.
Ele deu um sorriso de orelha a orelha.
- Então vou te levar ao quarto da Rosalina
para pegar umas roupas limpas. Enquanto você se troca eu preparo o almoço.
Disse puxando-me escada acima. Entramos no
quarto da Rosalina, onde estava tudo muito bem organizado, atravessamos o
quarto em direção a uma porta de correr da cor da parede –branco neve. Ele a
abriu e espantei-me com o tamanho do closet.
- Nossa, vai ser difícil. –disse pensando no
trabalho que teria para achar as coisas.
Jack saiu do closet, quando voltou estava com
um controle na mão, apertou um dos botões e todas as portas e gavetas se
abriram.
- Fique à vontade. –e saiu.
Ela é do meu tamanho, mas tem mais busto que
eu. E seu gosto com certeza é muito diferente do meu.
Acabei achando uma calça jeans preta, e como
meu casaco também estava sujo peguei um sobretudo cinza claro, com uma grande
gola franzida, ele dava um pouco acima de meus joelhos. Sai do closet e vi um
banheiro no quarto. Lavei minhas mãos e penteei meu cabelo com os dedos, tirei
do bolso da calça suja um elástico e o amarrei em um rabo de cavalo bem alto. Arrumei
minha franja de lado para que não caísse nos olhos.
Pronta, desci as escadas quase correndo.
Cheguei à cozinha e vi Jack de costas
cantarolando e mexendo em algo que cheirava a chocolate –huuuum kkk.
Ele se virou ainda cantarolando e se
espantou.
- Se não fosse pela calça, diria que você é
idêntica com uma pessoa que conheci há algum tempo.
Sorri.
- E qual é o nome dela? –perguntei curiosa.
- Bem, isso não vem ao caso... –desconversou.
- Você é linda! Mas prefiro seu cabelo solto.
- O problema é que ele me atrapalha e estava
um pouco embaraçado.
Jack se pôs a minha frente, passou a mão em
meu cabelo e puxou o elástico que o prendia. Depois com as duas mãos, pegou
algumas mechas e as colocou para frente, colocou atrás da orelha minha franja
rebelde que já estava nos olhos.
Seu toque tão delicado deixava-me corada.
- Vem comer, onde prefere, aqui –apontou para
o balcão- ou na sala de jantar?
- Prefiro aqui, pois eu gostei da vista. –sorri.
- Boa escolha!
Tirou as taças e as flores que decoravam o
balcão de vidro, arrumou com dois pratos, duas taças... Igual a um restaurante
elegante.
Depois pegou os pratos servindo de
estrogonofe de frango, arroz e legumes ao vapor.
- Por favor, pouco para mim...
Ele me olhou sério.
- Jack! –quase supliquei.
- Vyollett! –me imitou.
- Aff, por favor. –fiz uma carinha fofa.
- Rs você sempre consegue tudo de mim assim... –mas é a primeira vez que fiz isso com ele! Estranho!
Comemos um ao lado do outro. Quando
terminamos ele disse que queria me mostrar algo. O segui escada acima de novo,
ele abriu uma porta branca com estilo retro. Entrei observando cada centímetro
da enorme sala, era um pouco mais escura que o resto da casa, vários quadros
nas paredes, castiçais nos quatro cantos com cinco velas. O chão liso e branco,
fiquei com medo de sujar com meu coturno que ainda estava um pouco sujo de
lama. Mais para o canto um piano de corda que parecia muito antigo. Jack que já
estava sentado de frente para o piano em um banco dourado com almofada de
veludo vermelho, me chamou para ir ficar ao seu lado. Fui a sua direção.
- Vou tocar algo melancólico... Acho que irá
gostar. Sente-se e aproveite.
Olhei para trás e vi um sofá também dourado
com almofadas em veludo vermelho. Sentei e ele começou a tocar.
Ouvi trovões e a chuva começou a cair.
Tenho a sensação de ter escutado essa melodia
em algum lugar...
Claro! Meu primeiro sonho aqui. Lágrimas
escorreram pelo meu rosto, parecia saudade e estava provado para mim que
saudade dói, só não sabia do que ou de quem...
Jack terminou de tocar e virou-se para mim,
ao ver que eu chorava levantou rápido e se ajoelhou a minha frente. Acariciou
meu rosto secando as lágrimas...
- Foi tão melancólico assim? –perguntou
preocupado.
- Há quanto tempo nos conhecemos? –nossa que
pergunta!
- Por que essa pergunta?
- Não, é que parece que te conheço há anos.
Eu sonhei com você ates de te conhecer, e não foi só aqui, desde criança sonho
com alguém que não via o rosto só ouvia voz, até ouvir sua voz pela primeira
vez e descobrir que ela é idêntica com a dos meus sonhos. –dei uma pausa, pois
minha voz estava ficando embargada.
Jack se levantou e sentou-se ao meu lado,
segurou minha cabeça e a beijou afagando meu cabelo...
- Se desarma um pouco e deixa-me cuidar de
você. –pediu gentilmente.
Assenti. Então deitei a cabeça em seu colo,
mais lágrimas rolaram, ele desembaraçava meu cabelo com os dedos e cantarolava
a melodia que ouvi na cozinha...
Ficamos assim até eu adormecer...
Acredito que essa música combinou perfeitamente com o que quis expressar nesse capítulo =3


